Você já ouviu falar do Senhor do Bonfim? Ele é uma representação de Jesus Cristo, e é alvo de grande devoção, especialmente na cidade de Salvador, capital do estado da Bahia. O culto ao Senhor do Bonfim é semelhante ao que acontece com a Virgem Maria, uma figura amplamente cultuada no catolicismo, sob diferentes nomes. No caso do Senhor do Bonfim, a devoção é realizada sob a imagem de Jesus Cristo crucificado.
A devoção ao Senhor do Bonfim é tão intensa, que é considerado o padroeiro não oficial de Salvador, mesmo sendo São Francisco Xavier o padroeiro oficial da cidade.
O Senhor do Bonfim é o coração pulsante da devoção baiana, em especial na cidade de Salvador. Embora não seja o padroeiro oficial do estado, a sua importância é inegável, e a Igreja do Senhor do Bonfim é um dos principais monumentos arquitetônicos da cidade.
A festa em homenagem a ele, que acontece todo mês de janeiro, é um dos maiores eventos religiosos do lugar. E não para por ai, a devoção ao Senhor do Bonfim não se limita a Salvador, ele é também padroeiro de outras localidades como Piritiba, Senhor do Bonfim e Bocaiuva, cada uma com sua festa própria, celebrada em diferentes épocas do ano.
Até mesmo em outros estados como Goiás, Minas Gerais, Alagoas e Paraíba o Senhor do Bonfim é celebrado com devoção e carinho. Sua importância transcende fronteiras e sua devoção é muito grande e difundida.
Como o culto chegou ao Brasil?
Em meados do século XVIII, o culto ao Senhor do Bonfim foi trazido para o Brasil por um homem chamado Theodósio Rodrigues de Faria. Ele era um capitão de mar e guerra da Marinha portuguesa que chegou a ocupar cargos na administração colonial, mas também era dono de três navios negreiros, que traziam escravos da África Ocidental para o Brasil.
Durante uma tempestade marítima, Theodósio fez uma promessa: se sobrevivesse, ele traria, pessoalmente, uma imagem do Senhor do Bonfim e da Nossa Senhora da Guia para o Brasil. E assim foi feito. Quando Theodósio trouxe a imagem do Senhor do Bonfim para Salvador, ele e outros devotos tentaram criar uma irmandade oficial para promover culturalmente a devoção ao Senhor do Bonfim, cuidando do templo construído ao Senhor e realizando a festa. No entanto, essa irmandade não foi autorizada.
Apesar disso, a devoção ao Senhor do Bonfim tornou-se bastante popular em Salvador, e com o passar do tempo, esse culto foi incrementado por novas tradições, como a prática da lavagem da escadaria e o uso das fitas como amuletos. Embora o padroeiro oficial de Salvador seja São Francisco Xavier, o Senhor do Bonfim é amplamente considerado o padroeiro não oficial da cidade.
Fundação da Igreja do Bonfim
A construção da Igreja do Bonfim foi uma jornada que começou quando Theodósio trouxe as imagens do Senhor do Bonfim e da Nossa Senhora da Guia para o Brasil, em 18 de abril de 1745. Essa imagem do Senhor do Bonfim era uma réplica daquela que estava na cidade natal de Theodósio, Setúbal.
Enquanto a igreja estava sendo erguida, as imagens foram depositadas na Capela da Penha. O local escolhido para a construção foi uma colina conhecida como Mont Serrat, que com o tempo passou a ser conhecida como Colina do Bonfim.
Em 1754, as obras internas da Igreja do Bonfim estavam concluídas e no dia 24 de junho, aproveitando os festejos juninos, a imagem do Senhor do Bonfim foi transferida, em uma procissão, da Capela da Penha para a Colina do Bonfim. As obras encerraram-se em 1772, quando as torres da Igreja do Bonfim foram finalizadas.
Fonte: Brasil Escola – Santuário Senhor do Bonfim